terça-feira, julho 31, 2007

MIRA

Quem quiser me matar
Mapeie
As dores escondidas
Recônditas
Inéditas
E as esqueça.
Quem quiser me matar
Pense a lástima
Derramada e segura
Torpe, vil, matadora
A que devora e não se esconde mais.
Coração,
Não atire.
Cabeça,
Não.
Órgãos vitais,
Nem pense,
Não vale, não causa, não adianta...
Mire a voz,
Essa sim,
Qualquer calibre que use,
Podendo calar, mire
Podendo evitar, atire,
Quem quiser me matar me erre,
Só me cale, me cale, me cale...


Eduardo Alves – 24/5/07

Matreiro


do meu embaraço saio eu,
carrego meu santo com a força do braço,
desapego do frio, encaixoto o cansaço
pra limpar meu filme, faço escarcéu...
meu objetivo não é ir pro céu,
nem fazer meu nome parecer dinheiro,
é poder ser claro, saber ser inteiro
em tudo o que eu faço, tudo o que acredito,
nunca me isento nem nunca repito
no coro contente a consideração
de que sendo mais um, eu livro a minha cara
e faço parte de quem só reparte a mesma ilusão...


piso em falso,
às vezes murcho,
desequilibro,
nunca digo onde dói e sigo bonito, mais limpo,
no meu assobio vive um passarinho
e sua asa é a senha que o meu poema pediu pra nascer...
esse é meu jeito de não desaparecer
no meio do anonimato, cansado da vida que se leva em vão,
o samba me talha matreiro,
o samba me elege sensato,
o samba , de fato, é o hino da minha nação...


Eduardo Alves