quarta-feira, março 28, 2007

Por acaso

de vez em quando quieto,
tenha medo do modesto,
quase que não me tolero sem canção...
quase não presto,
quase me empresto a algo insano,
quase perverso, quase sem plano...

de vez em quando calado,
tenha pena desse surto,
quase me afogo sem refrão...
substituto fajuto,
de mim, decalcado, borrado
mais que uma espécie de indecisão...

eu quero apenas uma melodia convincente
sobre algo que toque essa vida da gente,
sem qualquer pretensão,
por acaso,
mas tudo só vale sendo canção...

de vez em quando silêncio,
num silêncio que diz tudo,
mesmo que esteja mudo,
seja pela canção...


eduardo alves, fev.2007

Canção para os tristes

Em 1989 escrevi esse poema, que pelas notas de Luciano Carôzo, maravilhoso músico e conterrâneo meu, virou uma bela canção, que injustamente nunca divulguei como deveria...
Fabiana do Carmo, filha de seu Louro e Dona Clara, ali da Praça da Purificação, minha amiga irmã querida, sempre amou essa música de forma especial.
Foi ela quem me lembrou que devo cuidar de "Canção para os tristes" de maneira mais atenta e paternal.
Aí está Bia: é para você, receba com o mesmo carinho que lhe tenho!


Canção para os tristes

Música de Luciano Carôzo
Letra de eduardo Alves


Traduzir o som da tristeza de alguém,
pode até não ser o mais belo invento;
mas o coração faz a dor de refém,
quando o amor de recolhe num momento...
quem entristece, colhe dos dias o lado gris,
pois fez a vida, de suas alegrias,
plantas sem raiz;
ludicamente anda,
calidamente fala,
e vive se esquecendo
que nasceu pra não entender...
deita tarde,
ama a música e a lua,
respeita as lágrimas que falam da verdade
o triste, tem seu próprio mundo,
e numa só rua,
deixa seus sonhos que são
maiores que qualquer cidade...


quinta-feira, março 22, 2007

Você, não

Curta seu ócios e seus melodramas,
Mas não me inclua nas suas semanas;
Crie seus blogs e suas aranhas,
Mas não me ponha nas suas barganhas...
Tenha seus troços e aeroportos,
Mas não me junte entre seus destroços;
Não fui dublado num sub-enredo mexicano,
Eu sou mais eu e já tenho algum plano...

Você,
Não...
Outras vezes, não,
Quase sempre, e nesse quase,
Sempre,não...
Nem que eu me faça de morto,
Nem que eu me vire ao contrário,
eu só quero ver você,
no sentido anti-horário...

Perca seus mitos e cure seus vícios,
Mas não me salve nos seus sacrifícios...
Só me perdoe havendo fraqueza,
Com certeza,
É só um caso de faltar certeza...

Você, não...


Eduardo Alves

fev. 07


Eu, não


sinta-se capaz
de nenhuma obrigação
respostas, não,
qualquer satisfação...
há atitudes
que dispensam
alguma explicação,
pode se guardar,
pra algo a te seguir,
tempo a atormentar,
eu, não,
às minhas horas
eu dispenso
consideração,
não quero mais me perder com nada vão...

eduardo alves – março/07