domingo, novembro 02, 2008

Entre os tropeços



Tenho coisas a partilhar de dentro dos meus infernos e vestidas de rosas.
Tenho coisas a esconder.
Coisas a não explicar por inúmeras horas
Enquanto os enigmas beirem o extremo azedume.
Tenho coisas a emendar, remendar e desdizer,
Enquanto os incautos esperam o transporte que jamais virá,
E enquanto o epicentro do estrondo imenso for aqui perto ou aqui mesmo.

Tenho textos inconclusos entulhando a passagem da artéria criativa,
E este sangue virulento querendo encharcar o pensamento.
Tenho soluções impensáveis.
Tenho incinerações à vista,
E também haverão as madrugadas vãs sem vinho nem alvorada,
O dia abortado coroando o rei que fugiu raptando todo o ouro do sol
E foi parar atrás do horizonte, conivente pano de cena, e por detrás o oco do nada...

Há o ócio vestido de razão para ficar calado,
A musa nua desvairando no transito da avenida escarlate
E o mar me acusando, ali detrás, de fascínora e anti-herói do submundo.
Até que caia neve neste trópico mal fundamentado e absorto,
Até que o cão danado nos escolha sua raça herdeira,
Haverá uma febre qualquer a me perseguir, e assim,
Deverei diluir amor e ódio com toda profusão que necessitam os que me habitam.

E enquanto isso me for a única saída para parecer vivo
E toscamente me servir de fuga ou razão de aqui estar
Jamais me furtarei a confundir(me) entre tantas vias de perigo,
E ainda mais escava-las garganta adentro, deste meu signo de ser/não ser, como vim,
Desassombrado e inseguro de que nada me caiba e por isso,
Me encontras aqui, a essa hora da noite ou dia, nu em verso,
Nem te pedindo nada e nem exigindo que me tomes de refém ou filho.

Pois há um coração entre os tropeços
Pra aventar a idéia de que o dia lembrará dos meus erros.




Eduardo Alves, 26.out.2008















sobre meu nome





Meu nome de batismo,meu pai quem deu:
Nome de jogador de futebol, apelidado Tostão, de Minas, onde nasci.
Eduardo, sete letras, escorpiano,
Nascido segunda feira, três e quinze da madruga, num dia treze de novembro aí
Registrado em 22 de novembro, dia da música.

O meu nome significa guardião,
Refere-se a bom amigo, pergunte aos meus sobre isso,
Nome não muito comum nem de luxo,
A mim soa bem, acho que agrada,
Nome meio leve, que faz uma curva no ar
E-DU-AR-DO
E se fecha meio sem que nem pra que, meio sugerindo ou voltando pra não sei onde.

Nome do primeiro neto de Dino e Teté
Seu Dino, aquele da Leste e Dona Tereza do INPS.
E primeiro filho de Afonso e Norminha,
Norminha, a que tirou segundo lugar na Grande chance de Flávio Cavalcanti,
Perdendo pra Armandinho na final, e Afonso, aquele mineiro que trabalhava na Camurujipe e morreu do coração.
Eduardo, Duda na família, Eduardo Alves no palco, Edu, Dude, Dú para os mais chegados,
Tem gente que gosta, gente que não gosta, mas vai vivendo desse nome que tem e por aí vai.

Meu nome me torna responsável pelo que digo, pelo que faço, e quando me apontam,
Na maioria das vezes gostaria de precisar apenas
De um sorriso para responder a quem quer que seja.
Meu nome que eu daria a um filho, se não fosse já um nome meu,
Porque eu não gosto dessa coisa de júnior,
Acho que cada qual com seu cada qual.

Esse sou eu, com esse nome que tem similar em outras línguas,
E me orgulho por falar, creio que bem e com respeito, a nossa língua mãe brasileira.
Quando eu ligo, e perguntam quem é, eu digo, é Eduardo,
É bom dizer essa palavra que me nomeia,
E me faz não-anônimo, mas ainda assim, com meus Eduardos secretos,
Convivendo todos na fusão que sou, e em mim respondo.
O nome que vou escrever logo depois desse verso que ofereço, logo aqui, pra decretar o fim deste poema...



Eduardo Alves, out.2008