domingo, novembro 02, 2008

Entre os tropeços



Tenho coisas a partilhar de dentro dos meus infernos e vestidas de rosas.
Tenho coisas a esconder.
Coisas a não explicar por inúmeras horas
Enquanto os enigmas beirem o extremo azedume.
Tenho coisas a emendar, remendar e desdizer,
Enquanto os incautos esperam o transporte que jamais virá,
E enquanto o epicentro do estrondo imenso for aqui perto ou aqui mesmo.

Tenho textos inconclusos entulhando a passagem da artéria criativa,
E este sangue virulento querendo encharcar o pensamento.
Tenho soluções impensáveis.
Tenho incinerações à vista,
E também haverão as madrugadas vãs sem vinho nem alvorada,
O dia abortado coroando o rei que fugiu raptando todo o ouro do sol
E foi parar atrás do horizonte, conivente pano de cena, e por detrás o oco do nada...

Há o ócio vestido de razão para ficar calado,
A musa nua desvairando no transito da avenida escarlate
E o mar me acusando, ali detrás, de fascínora e anti-herói do submundo.
Até que caia neve neste trópico mal fundamentado e absorto,
Até que o cão danado nos escolha sua raça herdeira,
Haverá uma febre qualquer a me perseguir, e assim,
Deverei diluir amor e ódio com toda profusão que necessitam os que me habitam.

E enquanto isso me for a única saída para parecer vivo
E toscamente me servir de fuga ou razão de aqui estar
Jamais me furtarei a confundir(me) entre tantas vias de perigo,
E ainda mais escava-las garganta adentro, deste meu signo de ser/não ser, como vim,
Desassombrado e inseguro de que nada me caiba e por isso,
Me encontras aqui, a essa hora da noite ou dia, nu em verso,
Nem te pedindo nada e nem exigindo que me tomes de refém ou filho.

Pois há um coração entre os tropeços
Pra aventar a idéia de que o dia lembrará dos meus erros.




Eduardo Alves, 26.out.2008















Nenhum comentário:

Postar um comentário

sentiu algo? escreva!