segunda-feira, dezembro 21, 2009

SEM CHÃO

EU RESPIRO POR UM MECANISMO DE DEFESA E INSTINTO.
TRANSGRESSÃO. ATIVISMO POLÍTICO. INSENSATEZ. PURO DRAMA.

DE REPENTE, EU POSSO ESQUECER DE ESTAR VIVO E ENTÃO, VIRAR APENAS UMA LEMBRANÇA TÔSCA.
EU APRENDI QUE DEVERIA DEMARCAR TERRITÓRIOS,
E GANHAR TUDO,
NUNCA CHORAR,
NEM TREMER,
TUDO PARA NÃO SER BANIDO DA TRIBO.
E AQUI ESTOU, ÚNICO DA TRIBO QUE ESTÁ VIVO,
AGONIZANDO, MAS VIVO,
MAS ÚNICO, NA TRIBO INTERMINÁVEL QUE SOU EU.
TEM DIAS QUE SIM, QUE TUDO, QUE DEVERAS, QUE LOGO, QUE PRIMEIRO, QUE... QUE...
MAS TEM DIAS QUE...
ESSE É UM DESSES DIAS.
AMANHÃ PODERÁ SER.
ONTEM FOI.
SEMANA QUE VEM IDEM.
MES QUE VEM, ANO QUE VEM, 
TANTO, TANTO, TANTO, TANTO...
TODAS AS COISAS PELAS QUAIS SE GEMA.
TODAS PELAS QUAIS SE SORRIA.
EU SOU ISSO, ESSE DESPREPARO AMBULANTE.
E PODE SER QUE NUNCA MUDE,
OU JÁ TENHA MUDADO, EU NEM SEI.
CONFESSO, QUE NOS MOMENTOS EM QUE ISSO É DITO, A BRISA AUMENTA UM POUCO,
E DÁ PRA SENTIR ALGUNS MILÍMETROS DE ALÍVIO.
MILÉSIMOS DE CALMA.
PAUSAS NESSA AGONIA.



EU SÓ QUERIA TER ALGUM LUGAR ONDE COLOCAR MEUS PÉS, UMA VEZ NA VIDA.

sexta-feira, dezembro 18, 2009

E NÃO SE PERDERÁ JAMAIS...


MARIA, senhora do  reino,
a minha palavra é sua,
minha voz é também sua, 
e só sua minha rima,
também devota a minha rua,
minha casa te ofereço,
o mar do meu endereço no meio da água profunda,
Maria te oferto o silêncio,
o silvo por entre as matas,
as coisas menos exatas, e aquelas estranhas demais,
pra que clamem tua paz,
ternuras de trovoada,
o som da tua pegada sibila nos campos astrais,
Maria tu és meu rosário,
clamores do meu amparo,
de ser purificado nas glórias de tua fé,
Maria eu bem sei que tens
desejos de amores vastos,
e solidões que se foram,
e outras canções de esperança,
Maria, teu riso dança
na luz raiada do dia,
minha eterna companhia, 
essa voz que Deus te deu, 
mas não guardas sob o breu,
emprestas aos diamantes,
lume dos meus instantes,
deusa dos sonhos meus, 
Maria, senhora minha,
amo todos os teus dons,
cores de todos os tons,
que tua boca nos revela,
o teu canto é uma tela
onde a vida se refaz,
Maria, há coisas eternas,
que só o teu canto me traz...

domingo, dezembro 13, 2009

Desaparta!!!!

e de repente eu disse:  - chega,
vá embora da minha alegria,
então tudo o que eu queria,
era ver você fazendo mala,
sem herança nem apelo,
larga a mão do meu cabelo,
nem precisa se explicar deixando carta,
abra a porta e desaparta...

abra a porta e desaparta,
palavrinha mais traquina,
parecendo estriquinina
colocada em vitamina,
feita pra lhe dar sustança,
desaparta! quero bocas de outros beijos,
calores de outros abraços,
coração tá no leilão,
quem ganhar da solidão, não precisa devolver,
e o desaparta é pra você... desaparta!!!!

sexta-feira, dezembro 11, 2009

Poema apenas pra você

e de repente, 
num piscar dos anjos,
você pode virar poema.
Eu posso te fotografar, passando num ônibus de linha indesejada
e você ficar nas minhas íris um tempo hábil,
e num hábil tempo de ter que prestar contas do meu dia,
das minhas agruras, dos meus anti-sambas,
eis que soprará em meu ouvido sua imagem, e você vai virar o poema possível do sentimento eterno.
E enquanto ele durar, tal sentimento,
e a gente já não se vir vida afora, quem sabe,
a gente não recordará que se entreolhou,
mas o poema avisa,
o poema divisa a linha dos estranhos que éramos, e agora
há esse pacto mudo, mas o poema irradiou os sonhos,
e talvez você nunca leia, nem acate, nem dimensione o que eu codifiquei
e agora desalinhavei docemente em mansa rima e aura dourada,
seu poema, pronto e seu, por ti, pra ti,
e que agora, tomara, numa hora,
você se reconheça, por mim.

ANTIRITMO


zero. zero. zero.
volta-se inteiro ao marco pretérito inconcluso,
clamando pela amnésia amada que varra os arroubos do vício,
desistindo de ser, ser tanto.
ser eu, finalmente, eu, 
assim, dessa matéria minha,formada amálgama forjada arrítmica, císmica

e as palavras torpedeando a fuga para os lugares comuns,
as palavras, minas irascíveis, contra o caos celestial,
e tudo flúido e terno e corrosivo e bárbaro e legítimo...


zero! zero! e zero!
e dele, os ímpares de todas as coisas,
e os  erros aos ares, e aos ares as rimas, e às rimas as curas,
e às curas os Cristos, e aos Cristos as cruzes, e aos credos as culpas,
as incrédulos, todas as desculpas,
aos irmãos, todas as permutas,
um coração incendiado agora vai a leilão e, pasmem, já nasceu arrematado,
arrebatado pela indecisão,
do ir/não ir, chegar/estar, ficar/permanecer no mundo 
o mundo que fez por si... no ritmo exato, incomum a outro,
estranho divino irmão salvador de seus contrários.