sábado, outubro 27, 2007

RIO VERMELHO BLUES

sentimental feito o cão,

saio de noite, objetivos confessos:

um só olhar desejoso, e farei mil progressos...

alguém me convida num bar: cante um trecho da canção

que fala de Baudelaire

“ninguém me ama, ninguém me quer, ninguém me chama

de Baudelaire...”



sentimental feito o diabo,

volto pra casa, adjetivos pregressos:

nenhum olhar desejoso, e bebi mil dejetos...

alguém me diz na TV: cante um trecho da canção

sobre os poetas de araque:

“ninguém me ama, nem aqui nem no Iraque,

ninguém me chama de Chico Buarque... “



comecei a duvidar,

sobre o que vim fazer aqui,

se é pra me acabar de rir de mim,

ou me encontrar, pra esquecer de fugir;

eu sempre sou otário e bobo da corte,

eu sempre deponho a favor do azar,

mas eu amo, e isso não é morte,

eu canto é pra me eternizar!



Eduardo Alves

Nenhum comentário:

Postar um comentário

sentiu algo? escreva!