sentimental feito o cão,
saio de noite, objetivos confessos:
um só olhar desejoso, e farei mil progressos...
alguém me convida num bar: cante um trecho da canção
que fala de Baudelaire
“ninguém me ama, ninguém me quer, ninguém me chama
de Baudelaire...”
sentimental feito o diabo,
volto pra casa, adjetivos pregressos:
nenhum olhar desejoso, e bebi mil dejetos...
alguém me diz na TV: cante um trecho da canção
sobre os poetas de araque:
“ninguém me ama, nem aqui nem no Iraque,
ninguém me chama de Chico Buarque... “
comecei a duvidar,
sobre o que vim fazer aqui,
se é pra me acabar de rir de mim,
ou me encontrar, pra esquecer de fugir;
eu sempre sou otário e bobo da corte,
eu sempre deponho a favor do azar,
mas eu amo, e isso não é morte,
eu canto é pra me eternizar!
Eduardo Alves
Nenhum comentário:
Postar um comentário
sentiu algo? escreva!