domingo, junho 17, 2007

Coração estranho a mim mesmo

Alarmes por todo o corpo. Sirenes. Turbilhões.
Há invasores por perto,
e tudo o que está suscetível
a derramar com urgência algo lúdico,
alardeia a vocação
tão nobre, de ser alvo,
a ponto de salvar
fracas correntezas,
de não conseguirem esculpir, o náufrago,
tão necessário.


Durante a invenção de tudo,
pensou-se o coração,
entre o lapso, tentação primeira,
o coração foi mapeado,
perdeu-se o mapa e ficou
a sensação
do incômodo eterno
de poder perder-lhe
a qualquer hora
na mesa de jogo,
no cais,
nas alturas.


Enquanto nada agüentasse
os fatídicos expedientes
de entra-e-sai de oceanos
e enfartos fulminantes,
ficou o coração
no cargo
de vermelho
e vivo
e bombástico
e esquerdo
e primeiro a parar
e levar consigo
tudo
o que vivo ficasse depois que não agüentasse o mundo mais lhe infernizando, dentro


o meu, este meu, coração extraviado
nos navios que iriam partir pro além mundo,
este romântico mártir da América ultimada,
malasartes,
somítico,
inadequado,
insurgido,
contrabandeado coração não sei/não saberei/nem quero
estrangeiro de mim, em mim mesmo,
eternamente até seu/meu fim...


Eduardo Alves, junho/07

Nenhum comentário:

Postar um comentário

sentiu algo? escreva!