quinta-feira, maio 24, 2007

Cafonice



rasguei
mil cartas que dariam
boleros de sucesso, ah, rasguei
queimei vinis 78 rotações,
talvez assim exorcisasse canções
que poderiam vir de mim mesmo,
contaminadas de romantismos vis,
de tantos compositores febris,
que eu jamais quis ser,
que eu lutei pra jamais ser...



cuidei,
de corações perdidos,
escrevendo mil pragas e revés,
pra quem do amor se utilizasse ao fazer sofrer
pagasse o preço do insucesso e pudesse querer
tentar outros refrões sem ilusão,
livres de romantismos vis
de tantos compositores cruéis,
que eu jamais quis ser,
que eu lutei pra jamais ser...



cafonice demais,
sandice demais,
falar de amor e de dor,
misturar fel e sabor,
Deus me livrou desse patético expediente...
se eu fosse um cafona dessa estirpe, assim,
cantaria boleros rasgados,
e diria mesmo sobre mim,
o que atribuo aos outros, coitados...



Eduardo Alves
maio, 07

Um comentário:

  1. Qual é Edu!
    Que coisa cafona escrever poesia!
    Que coisa cafona ler poesia!
    Que coisa cafona se emocionar com poesia!
    Que coisa cafona não ser cafona!
    Li, degustei e transpus no meu blog: http://marquinhovalladares.blogspot.com/

    Será isso cafona?

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