quarta-feira, maio 02, 2007

SONETO ESQUERDISTA

Coração de pasto, continente aflito,
Roubem-lhe as uvas e cuspam-lhe pedras.
Terra em que ninguém passeia nem se enterra,
Coração enfastiado de amores insolúveis.

Credo em cruz me impetrar outra paixão de inverno
Fazer engolir o fardo e entoar o blues amargo
Em dor maior, hinos irracionais em batida esquerdista
Tudo vermelho, mas no poder, desbotado, desbotado...

Tantas transfusões serão insuficientes
Para lhe dar caráter e jeito de algo
Que se respeite para não apanhar de novo, coração

Mas não te curas porque não te achas
Nesse emaranhado de luas que escaparam do limbo
E se enfiaram no peito pra te encouraçar, te esconder, te afogar em luzes...


Eduardo Alves, maio/07

Um comentário:

  1. Eu não me canso de te olhar.
    Vivo há vinte verões do seu lado, juntinho, colado
    Mas parece que a cada minuto o seu rosto ganha novas linhas
    E não são os vincos da vida, você ainda é novinha
    São sulcos que os anjos de dedinhos finos esculpem
    Quando passam de levinho no seu rosto e soltam
    As linhas que só duram o tempo de eu notar e admirar
    Eu não me canso mesmo de te olhar.

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